Queremos esquecer os navios de escravos enviados para a terra do Pau Brasil, cortaram completamente as raízes apodrecidas com a intenção de refazer novas alianças com quem já nos tirou tudo. Ironizado, o Estado secular, o país laico, demoniza cada religião de cor criando um padrão de adoração e inferiorizando a dor negra: “são fortes, não choram...”; e as suas necessidades se tornam banais a ponto de não existir razão alguma para serem atendidas.
Arrancaram sua nacionalidade, seus nomes se transformaram em marcas de seus senhores e, contradizendo o conceito das sub-raças, fizeram história que percorreu a linha do tempo. A Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel em 13 de maio de 1888 colocou no papel o que já era conquistado todos os dias pela gente que criou e fortaleceu a economia brasileira. A constituição de 1988, sancionada no ano em que a abolição formal da escravidão completava 100 anos, por ela alcançou alguns direitos, por exemplo: a terra, educação, saúde; e, em 2003 foram selecionados mês e dia para comemorar o Dia Nacional da Consciência Negra.
Em 2012 foi aprovada a lei de cotas para o Enem; crescia pela primeira vez o números de estudantes negros em faculdades publicas, dados apontados pelo IBGE em 2019. Os gritos ensurdecedores da hipocrisia brasileira toma conta das comunidades, esquecendo completamente do povo heroico com o seu brado retumbante, embranquecendo a sua história, erguendo estátuas de senhores ou feitores para retratar nomes que jamais serão esquecidos, pois o penhor dessa igualdade foi conseguido com os “brancos fortes”. Ó Pátria amada, idolatrada, fala para os teus filhos de quem herdeiros eles são, apresente Machado de Assis, leiam as letras, os contos de um homem negro com talento que carrega em sua sepultura o título do maior escritor de sua literatura; apresente Carolina Maria de Jesus, compositora e poetisa de versos pretos; nos deixem saber da tua garra, mulher negra, mãe solteira, pouco instruída, mas resiliente; e que embalem as suas vidas ao som de Alfredo da Rocha Vianna Filho (Pixinguinha). Ó Pátria, verás que nem um filho teu foge à luta, pois se deu até a vida o Zumbi dos Palmares pela justiça que ainda hoje não conhece. Ó Pátria amada! Dos filhos deste solo não és tu a mais gentil, roubaste a si mesmo negando a sua origem; a nossa bandeira é preta e vermelha, simbolizando o sangue, a guerra que até hoje existe dentro das "melhores sociedades"; a nossa lei nunca foi sancionada, os círculos sociais ainda faltam ser rompidos; Brasil, de amor eterno símbolo do maior índice de mortes por depressão em adolescentes negros (50%). Ainda há senzalas que precisam ser abertas agora, marginalizados imploramos nossas vidas, no teu seio, mais amores.
Autora: Jonatielen Silva e Silva
Autora: Jonatielen Silva e Silva
A escritora pontonovense Jonatielen, é acadêmica
em Serviço Social pela UNOPAR e ficou conhecida
pelos seus lindos textos postados no seu Blog
Vida em Palavras, no Guia a jovem escritora
aborda diversos temas relacionados à assuntos sociais.
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